23/04/2009
Maite RicoEm Madri
O suposto complô internacional contra o presidente da Bolívia, Evo Morales, ameaça desembocar em uma crise diplomática. Quatro países europeus - Irlanda, Romênia, Croácia e Hungria - exigiram explicações do governo de La Paz pela morte de três de seus cidadãos (um irlandês, um romeno e um croata) nas mãos da polícia boliviana e a detenção de outros dois (um húngaro e outro croata) na cidade de Santa Cruz. Morales os acusa de ser "famosos mercenários", mas as chancelarias envolvidas consideram que não há elementos que confirmem essa indicação."As provas apresentadas provocam interrogações sobre a descrição dos fatos apresentada pela Bolívia", afirmou na quarta-feira (22) Michael Martin, ministro das Relações Exteriores da Irlanda, que acrescentou que o irlandês Michael Dwyer não tinha antecedentes criminais nem ligações com armas. O ministro denunciou que as autoridades bolivianas identificaram Dwyer e apresentaram imagens "truculentas" de seu cadáver antes de contatar os diplomatas irlandeses. Igualmente contundente mostrou-se o ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Balasz. "Tenho dúvidas e não vejo evidências de que essas pessoas que foram assassinadas pela polícia boliviana ou presas tenham planejado assassinar o presidente Morales", disse ontem.Há mais dados sobre outra das vítimas, o croata-boliviano Eduardo Rózsa Flores, em cuja biografia figura ter combatido na guerra da Croácia. Em uma entrevista de 2008 à televisão húngara, transmitida ontem, Rózsa anunciava que partia para a Bolívia para apoiar "a independência de Santa Cruz, por métodos pacíficos, mas firmes".O caso, cercado de mistério, eclodiu na última quinta-feira (16) quando Evo Morales anunciou na cúpula de Trinidad e Tobago que tinha sido vítima de um complô de mercenários para assassiná-lo. Momentos antes, a polícia tinha irrompido em um hotel da cidade de Santa Cruz, abatido a tiros três homens e detido outros dois. Antes havia desligado as câmeras de segurança do estabelecimento. Morales reagiu com irritação à exigência de explicações dos quatro governos europeus. "Não têm nenhuma autoridade para pedir. Sou capaz de processá-los a eles também! Eu posso pensar que são eles que mandaram para cá atentar."A oposição boliviana pediu uma investigação internacional e vê uma manobra contra os governadores da oposição.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
fonte: El País - 23/04/2009http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2009/04/23/ult581u3185.jhtm
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