A vergonha de ser brasileiro...

Antes de começar o meu pequeno rascunho, gostaria de agradecer ao Vitor, Diana, Fernanda, Graciela, Diogo e todos os interessados que tem acompanhado o Blog e contribuido com as suas respectivas visões sobre nossas publicações. Abraço para os guris e beijo para as gurias! Agora vamos ao meu rascunho...

Talvez este título provoque uma reação contrária à esperada por mim. O quê é uma pena! Pois isso sinaliza o fato de que as mudanças no conjunto de valores, princípios e ideologias já serem tão normais a ponto do primeiro pensamento das pessoas, ao ler o título, seja esperar um desabafo sobre minha aversão ao Brasil e a minha identidade brasileira. 

Não se precipitem meus caros.

Minha revolta é com o povo brasileiro. Lembrem-se que não possuo um levantamento de dados científicos que comprovem qualquer argumento aqui expressado. Quando me refiro ao povo Brasileiro, faço referências aos que conheci durante meus 20 anos de vida, nas cidades e estados específicos que conheci.

De qualquer forma, os paulistas e paulistanos serão os mais criticados devido a minha permanência neste estado já ser por um tempo considerável. Enfim, o brasileiro é um povo engraçado. Primeiro por o Brasil ser, geopoliticamente falando, um destaque sul-americano e o brasileiro não possuir o mínino de conhecimento sobre a região que habita. Pelo contrário, perde tempo sonhando com laços sanguíneos europeus diluídos pelas gerações, com um passaporte da união européia e o pior... Em fazer faxina, cuidar de animais e lavar pratos no exterior.

Ora, faz todo o sentido. Você é educado por aqui, se forma, conquistas diplomas e depois vai para o exterior. Reza incansavelmente para ser reconhecido lá (e geralmente é, mesmo que no começo seja difícil) e após todos esses rituais, trabalha incansavelmente no país que escolheu ajudando no progresso daquele país. Assim, poderá fazer visitas regulares ao Brasil, se gabar do status de morar no exterior (alimentado pelos brasileiros de mesma mentalidade), mostrar como o iPod é mais barato e voltar para a sua vida no país que acabou te acolhendo.

Na minha ignorância percebo duas principais premissas para conquistar este fim. A primeira é toda a sua história e conquistas proporcionadas pelo seu esforço, pela sua família, circulo de conhecidos e país. A segunda foi a aplicação de tudo que você aprendeu no seu país juntamente com seus esforços (no Brasil e exterior). 

Entretanto, no final das contas, são a Europa e os Estados Unidos que você vangloria.

Carlos Lopes taxa este fenômeno como “fuga de cérebros”. Discordo, no caso do Brasil. Mas apenas se relacionarmos a palavra cérebro com inteligência. Já que levo em consideração a lógica do ser - humano agir racionalmente perante as situações.

O que ocorre nestes casos simbolizados no exemplo, não envolve racionalidade. Trata-se sim de uma ilusão enraizada culturalmente na classe média brasileira. No caso, a ilusão de alcançar um status elitista por outros meios que não seja o sucesso financeiro e intelectual. Ora, a elite venera o Brasil, ao contrário da classe média.

Afinal, os membros desta primeira tornaram-se elite devido a conquistas internas que se expandiram a conquistas externas. Porém sempre levando a bandeira da empresa “orgulhosa por ser brasileira”. Estrangeiros de sucesso residentes no Brasil, ou que alcançaram o sucesso no Brasil, não são elite brasileira. São membros da elite de outro país, que por acaso moram e investem no Brasil.

A classe baixa trabalha para sobreviver e luta para uma vida melhor com base no seu trabalho e no seu país. A elite deve suas conquistas ao país e ao mercado que proporcionaram estas. Mas a classe média tece críticas infundadas, e se vangloria da vergonha de ser brasileira... Idolatrando o externo e montando projetos para o outro lado. Claro, que a classificação de classes aqui mencionada não foi claramente especificada. Veja, que considero intelectuais (apesar dos baixos salários) como membros da classe elitista, logo, as conquistam não abrangem apenas as financeiras.

Muitos “cults” (tribo de pessoas que respiram cultura, em tese) dizem que a mídia e a imprensa impuseram no povo brasileiro a valorização da futilidade, a submissão as marcas de grifes, aos padrões de beleza e os rótulos, assim como o desejo pelo importado. Alguns destes “cults” apenas esquecem que ambos os veículos são prestadores de serviços, que vivem do consumo. Então, este mercado de valores apenas cresce devido ao alto consumo dos mesmos.

Minha revolta fundamenta-se ao ver este conjunto de valores, princípios e ideologias enraizando-se na classe a qual pertenço. Nos meus compatriotas, colegas, amigos e familiares. Não vejo mais o brilho no olhar das pessoas. O jeito brasileiro está em transição. O extrovertido tornou-se mal educado, o amigo tornou-se invejoso, o conquistador abre espaço para a preguiça, o brasileiro quer pertencer ao norte.