quarta-feira, 20 de julho de 2011

TNK-BP chega à Amazônia

E o que os brasileiros ganham com isso?


Empresa russo-britânica compra da brasileira Petra Energia 45% da participação na exploração de gás e petróleo no Alto Solimões, situada na região Norte do país.

A TNK-BP está adquirindo ativos petrolíferos e de gás na Amazônia. A joint venture russo-britânica vai pagar cerca de US$ 1 bilhão (R$ 1,57 bi) para ter 45% de participação na região do Alto Solimões, no Estado do Amazonas, junto à companhia brasileira Petra Energia. O preço oficial da transação não é divulgado: segundo comunicado oficial, o valor dependerá dos volumes de extração. Para os especialistas, essa é uma plataforma para os planos da empresa de se expandir na América do Sul.

Até o momento, o projeto no Alto Solimões pertence à HRT O&G (55%) e à Petra Energia (45%). O acordo prevê que a HRT deve permanecer como operadora do projeto, enquanto a TNK-BP desempenhará um papel mais ativo nas etapas da mineração e extração.

De acordo com Mikhail Fridman, presidente do conselho da diretoria da TNK-BP, as conversações com a Petra Energia foram concluídas com sucesso. A próxima etapa é discutir acordos adicionais com a HRT, que é a acionista majoritária, relativos à parte operacional do projeto. Além disso, a transação deve ser aprovada pelos conselhos das diretorias de ambas as companhias e pelos reguladores estatais brasileiros. “A TNK-BP quer concluir todos esses pactos até o fim de agosto e apresentar o projeto de investimentos ao conselho de diretores em setembro”, afirmou.

A parte a ser adquirida pela TNK-BP inclui 21 áreas de prospecção, situadas na superfície de 48 mil quilômetros quadrados da bacia do rio Solimões. Em 11 delas, já se iniciou a extração de petróleo e gás. Segundo auditoria feita pela companhia DeGolyer&MacNaughton, o projeto vai render à empresa reservas condicionais e de perspectiva em um volume de 783 milhões de barris.

Segundo avaliações de Serguêi Vakhramêiev, analista sênior da companhia russa de investimentos e finanças IFC Metropol, a bacia de Alto Solimões será responsável por 2,1% das reservas da TNK-BP. “As reservas não são muito grandes e ainda têm que ser confirmadas”, aponta. Tendo-se como base os volumes anuais da extração da empresa, a área brasileira será capaz de alcançar, no máximo, 7,6% do total.

Em 2010, o volume das extrações anuais da TNK-BP foi de 84,6 milhões de toneladas. “Esse projeto é interessante para a empresa. Seu tradicional nível máximo no auge da extração constitui cerca de 6% das reservas”, diz Vakhramêiev, que opina que o projeto em Alto Solimões vai atingir esse nível de rendimento pelo menos daqui a cinco anos.

Bom negócio?


Valeri Nêsterov, representante da companhia de investimentos Troika Dialog, avalia que as despesas capitais do projeto (prospecção, desenvolvimento e exploração) serão de US$ 9,2 bilhões (R$ 14,47 bi). Os investimentos em todo o período, levando-se em consideração os custos de infraestrutura, serão de US$ 14 bilhões (R$ 22 bi). “As superfícies de perspectiva têm que ser exploradas. Se tudo correr bem, a bacia de Alto Solimões será uma grande região petrolífera”, explicou.

De acordo com ele, a soma de US$ 1 bilhão paga aos brasileiros foi aprovada pelo conselho dos diretores da TNK-BP. “A decisão final vai depender das condições que eles encontrarem”, explica. O analista acredita que a participação da TNK-BP no projeto será “prudente”. “Os representantes da companhia salientavam que a soma e a medida da participação financeira podem variar. Há exemplos de prospecções falidas, que a levou a suspender seus projetos.”

Para a TNK-BP, afirma Nêsterov, a presença na Amazônia é uma excelente possibilidade de negócios. “A região não tem infraestrutura, mas são poucos os países que admitem companhias estrangeiras explorando seus recursos”, opina o especialista.

Fincar os pés em solo brasileiro abrirá outras perspectivas de cooperação internacional para a empresa russo-britânica, particularmente no setor de mineração na Venezuela. “Hoje em dia, a TNK-BP está na etapa inicial da expansão internacional. Por isso, as opções ainda são limitadas”, salienta Víctor Markov, analista-chefe do setor de petróleo e gás da companhia russa de investimentos Tserich Capital Management.

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